quinta-feira, outubro 28, 2004

Quinta das celebridades

Passei uns minutos largos à procura de blogs na net sobre a quinta das celebridades. Não encontrei. Parece-me que quem quer dar as suas opiniões se remete ao fórum da tvi, e pronto. Eu até percebo. Qual a probabilidade de alguém ler o meu blog, comparada com a probabilidade de alguém ler a miha mensagem deixada num post? E claro, nem toda a gente tem um blog, ou tem disposição para criar um.

Apetece-me falar da quinta. Para começar, está cheia de "actores". Acho imensa piada às pessoas (principalmente as que escrevem no fórum da tvi), que disse que não gostam de fulano ou de sicrano porque não são sinceros, ou estão a fingir. Tão inocentes!!! Estão todos a representar. Estão todos a jogar (que horror!). Mas afinal as pessoas pensam que aquilo é o quê? A vida real? E na vida real não se representa, de vez em quando? Que atire a primeira pedra quem nunca disse uma mentirinha...

Estou viciada na quinta. Adoro ver o Castelo Branco - abomino o que ele diz, e como o diz, e a maior parte dos valores que ele tem, mas adoro a tendência que ele tem para provocar reacções. Gosto de ver as discussões que acontecem a toda a hora, independentemente de quem as provoca, de quem as ganha ou perde, e do assunto a que se referem. Acho piada aos seus olhares cheios de maldade, aos seus comentários viperinos, faz-me rir que ele "não se enxergue". Não gostava de ter de aturar semelhante personagem por 5 minutos, mas gosto de o ver na televisão a fazer a vida negra aos outros, nem que seja só por uns momentos.

Gosto de ver o Alexandre Frota. Nunca percebi porque é que ele deixa(va) o conde tratá-lo abaixo de cão, mas a verdade é que a dupla me faz rir. Mesmo depois da grande discussão a seguir ao confessionário... quer dizer, a grande discussão a seguir à cena das cuecas no confessionário (ai que agora é escritório... enfim, efeitos do big broter) também teve a sua piada. Agora as bocas que são mandadas por uns e outros, fazem-me apenas rir a bom rir. Coisas como "troglodita", "você não se enxerga", entre outras, mais os olhares de mau do CB ("aquele comigo já perdeu"), são simplesmente hilariantes.

As discussões recentes entre capatazas (nem sabia que esta palavra existia!) deram um novo fôlego à quinta, e levaram-me a pensar nas muitas discussões que presenciei (ou fiz parte, eheh) na minha vida.

Bem, eu devo gostar mesmo é de uma boa discussão, principalmente se não for nada comigo. A verdade é que achava que a quinta ia ser uma seca, e afinal está-se a revelar um óptimo espetáculo de circo... E se as pessoas lá dentro são autênticas, se são iguais ao que são cá fora, ou não, não me interessa minimamente. Eles estão lá para me entreter, por isso que metem as mãos à obra e façam o que for preciso.
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quarta-feira, outubro 27, 2004

Financiamento do ensino público

Luís Aguiar-Conraria escreve hoje no público uma tese sobre o financiamento do ensino superior público. A mim até nem me choca ouvir qualquer ideia do género "quem estuda, mais tarde tem melhores rendimentos, e por isso deve pagar", mas incomoda-me a incoerência de quem argumenta como este senhor o faz. Na semana passada ele dizia que os professores deviam ser avaliados pelos alunos, e que deviam ser tomadas medidas para melhorar o desempenho ou eventualmente afastar os piores professores. Concordo plenamente, uma vez que sofri as consequências de ter maus professores no ensino universitário. Esta semana, ele diz que os alunos só se tornarão exigentes se tiverem que pagar propinas. Discordo. Eu sempre fui exigente, apesar de ter pago propinas relativamente baixas enquanto estudava. Notei que à medida que os anos iam passando, eu cada vez pagava mais propinas (resultado de mudanças de governos e de políticas) e obtinha piores condições na universidade onde estudava. Não me parece que o mero desvio da fonte de rendimentos das universidades vá modificar alguma coisa nas condições de estudo dos alunos.

Acho inacreditável que se fale em empréstimos aos estudantes para financiarem os seus estudos, no contexto de pagamentos da ordem dos mil contos por ano (e porquê mil e não mais?), para que os "pobrezinhos" possam na mesma estudar e mais tarde pagar esse empréstimo em condições possíveis, e não se fale em promover a excelência. Porque é que quem quer que os estudantes universitários paguem os seus estudos não quer que os estudantes que são excelentes, independentemente de serem ricos ou pobres, sejam excluídos desse pagamento? Porque é que só se preocupam com o financiamento, e não se preocupam com algo muito mais importante, que é a cultura de excelência quase inexistente no nosso país? E porque é que não se preocupam em recompensar os que se esforçam para ser os melhores, em vez de apenas apontarem aqueles que passam as noites nas discotecas (e muitas vezes acabam por desistir dos cursos passados alguns meses ou anos)?

Até seria capaz de aceitar o financiamento do ensino público ser feito em grande parte pelos estudantes, mas nunca aceitarei a cultura de mediocridade em que um aluno que acabe o curso com um 10 ou 11 valha o mesmo do que um aluno que acaba o curso com 14 ou 15 (numa universidade pública). Nunca aceitarei a cultura de mediocridade que se recusa a aceitar que os melhores alunos sejam de alguma forma compensados. Enquanto esta cultura não mudar, não vejo grandes razões para os alunos tentarem ser excelentes. E o país precisa de excelentes alunos.

Finalmente, este senhor esquece-se (mas não é o único), que há alunos que vêm de outras cidades, que têm que fazer o esforço financeiro suplementar de pagar um quarto, alimentação, entre outras despesas inerentes a abandonar o lar familiar. O custo de ir estudar para outra cidade (ou deveria dizer para "uma" cidade, pois muitas vezes estes alunos vêm de locais onde não há sequer universidades) supera facilmente os tais mil contos por ano.

Os alunos das universidades privadas que conheci, moravam todos com os pais. Entre estes alunos, não havia filhos de pescadores, como havia na universidade pública que eu frequentava. Entre pagar propinas de mil contos, ou pagar a vida fora do lar familiar (só no quarto, hoje em dia entre 40-50 contos por mês, ou seja 480-600 contos por ano, mais a alimentação e as viagens para estar com a família), não vejo como é que as duas coisas poderiam ser acumuladas. E nem vejo porque é que quem sempre viveu no interior, e tem de pagar impostos para a cultura, estradas, e outras coisas que nunca utilizou nem provavelmente virá a utilizar, teria de ser forçado a pagar o preço da interidade também ao ser forçado a ir estudar para um local a muitos kilómetros de distância.
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segunda-feira, outubro 25, 2004

Português

Segundo o público, o português está em risco de desaparecer enquanto língua oficial de trabalho na UE. Conquanto perceba a necessidade de reduzir os custos de tradução, não percebo porque é que então subsistem 6 línguas (francês, inglês, alemão, italiano, espanhol e polaco), entre as quais a língua de um país que acaba de entrar na UE. Porquê tantas línguas, e porquê estas 6? Porque não acabar com a tradução simultânea para todas as línguas, e não, por exemplo, traduzir as intervenções apenas para inglês, e do inglês depois traduzir para as outras línguas?

Por outro lado, cada vez mais me parece que o português é a língua dos segredos. Não fosse a enorme quantidade de brasileiros espalhados pela Europa, seria quase impossível ser detectado ao dizer certas coisas num país que não o nosso. Se os nossos deputados quiserem organizar algum plano maquiavélico, se quiserem concertar ideias para mais tarde atacar as ideias de outras nações, podem falar à vontade, que ninguém os vai perceber. :o) Aproveitem a vantagem.
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quarta-feira, outubro 13, 2004

mothers for justice

Depois da palhaçada do grupo "fathers for justice", há uns tempos atrás, um artigo no guardian vem explicar que afinal, fathers do get justice.
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Baixar os braços e esperar? Não...

O guardian traz um artigo cheio de energia e ideias para aqueles que acham que a eleição americana é a mais importante de sempre. Em vez de baixar os braços e esperar, uma vez que apenas os americanos podem votar, o autor oferece diversas oportunidades de intervir.

Uma, é dar a cada leitor interessado a morada de um eleitor americano registado como independente, morador em Clark County, Ohio, para que o leitor escreva uma carta pessoal a explicar porque é que a eleição é importante e qual considera o melhor candidato a presidente.

Outra é a doação de dinheiro, não a grupos que fazem campanha por um ou outro candidato, uma vez que isso é proibido pela lei americana, mas sim a grupos conhecidos por se baterem por outras causa que não a eleição, mas cuja intervenção resulta em votos para um ou outro candidato. Dois exemplos são a National Association for the Advancement of Colored People, do lado de Kerry, ou a Christian Coalition, do lado de Bush.
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terça-feira, outubro 12, 2004

RTP memória

Sou cliente da TVcabo Satélite, e como tal, apercebi-me de que o há muito anunciado canal RTP Memória foi acrescentado à lista de canais da TVcabo. No entanto, não faz parte da oferta básica ou da oferta família, que eu tenho, mas sim de um novo pacote que custa quase mais 3,5 euros por mês e que vem acompanhado de alguns outros canais que estão disponíveis gratuitamente noutros satélites. É evidente que não vou pagar mais 3,5 euros à TVcabo por mês para ver 1 canal. Por outro lado parece-me errado que a televisão pública não esteja em pé de igualdade com as privadas, nomeadmente a sic, que transmite na oferta família da TVcabo todos os seus canais - Sic, Sic notícias, Sic Mulher, Sic Radical e Sic Gold.
Deste modo não vejo razão para se queixarem da falta de visiblidade do canal (link)...
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segunda-feira, outubro 11, 2004

Piadinha...

Querem saber porque é que a cor de laranja se tornou na famosa cor de burro quando foge?
Perguntem ao Fujão Burroso...
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quinta-feira, outubro 07, 2004

Como vai este país II

Não sei se já chegámos à Madeira, mas parece-me é que a Madeira já chegou ao continente... ou pelo menos chega-lhe nas orelhas.

O PSD-Madeira criticou ontem "os critérios do Governo da República na incrível gestão da Radiotelevisão também denominada portuguesa".
Afirmam os sociais-democratas que a RTP colocou três equipas na Madeira, na campanha eleitoral e "com os intuitos habituais, num claro dispêndio dos dinheiros dos contribuintes", após "ter declarado não ter dinheiro para cobrir o jogo do Marítimo em Glasgow, nem para a beatificação do imperador Carlos em Roma".


É natural que se preocupem tanto com o dinheiro dos contribuintes do continente. Afinal, esse é o mesmo dinheiro que entra para as obras do Alberto João, e que possibilita as inaugurações sem fim mesmo a tempo da campanha eleitoral. Ah, já me esquecia que as SCUTS da Madeira vão continuar a ser pagas pelos contribuintes do continente... e os subsídios às viagens de avião entre a Madeira e o Continente...
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Como vai este país I

Ontem, a grande notícia: depois de Rui Gomes da Silva aparecer a espumar de raiva, o professor Marcelo demitiu-se da TVI, alegadamente por falta de liberdade para fazer os seus comentários (acabou-se o sermão dominical).

Primeiros parágrafos do editorial do público:
"A inteligência fulgurante do ministro dos Assuntos Parlamentares, Rui Gomes da Silva, brindou-nos anteontem com um grandioso contributo para o anedotário político da "rentrée". Furibundo, espumando de raiva e vermelho de indignação, atirou-se à suposta parcialidade dos comentários de Marcelo Rebelo de Sousa, na TVI, que, por razões de "ódio" ao actual primeiro-ministro passa os seus 45 minutos dominicais de opinião política a atacar o Governo. Chega ao ponto de criticar o silêncio da Alta-Autoridade para a Comunicação Social por não exigir o contraditório aos comentários de Marcelo.
As palavras apatetadas deste ministro dariam para rir noutras circunstâncias, e muito. Mas, nos dias que correm, devem ser levadas muito a sério. Este senhor, talvez mais incauto ou tão-só mais arrogante que outros, exemplifica o espírito de intolerância reinante na actual maioria, em particular no PSD, e a noção que os seus actuais dirigentes têm da liberdade de opinião. Nem os próprios militantes do PSD que não sejam suficientemente alinhados com a liderança do partido escapam já à sua fúria censória"

De morrer a rir... Eu por acaso às vezes gostava de ouvir os comentários do MRS, e outras vezes achava que davam demasiado tempo de antena ao PSD... Não sei se é uma perda para o telejornal da TVI de domingo (deve ser, pelo menos em audiências), mas é uma perda para a liberdade de expressão, sem dúvida. E eu que pensava que a censura tinha acabado.
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