terça-feira, abril 24, 2007

Duas horas

Duas horas com uma raquete na mão e as bolas a saltar de um lado para o outro. Às vezes mais devagar, muitas vezes muito depressa. Às vezes tão rápidas que aleijam se acertam nos dedos. Às vezes vão e voltam a uma velocidade estonteante, e  tornam a ir e tornam a voltar, e a adrenalina aumenta à medida que elas vão e vêm. E fazem-me rir. Às vezes acertam no canto da raquete e vão parar longe. Às vezes batem na rede e ainda assim são válidas, às vezes batem nos cantos da mesa e vão numa direcção inesperada. São os "profi-points", dava para fazer um jogo só a contar com estes pontos em que a sorte conta mais do que tudo o resto. Ou talvez seja mesmo profissionalismo.
Podia fazer isto a tarde inteira, todos os dias. Ou quase todos os dias. Durante horas e horas, até que me o corpo doesse tanto que já não me fosse possível continuar. Há prazeres assim, que fazem sorrir só de pensar neles, e que nos põem de cara alegre enquanto duram, mesmo que já estejamos mortos de cansaço, com dores no polegar que levou com uma bola a mais de 100km/h e que ficou com uma veia a latejar. E que fazem rir enquanto duram. Que nos levam a aceitar que há quem jogue melhor que nós, contra nós, e a admirar os pontos fantásticos que os outros fazem e a querer ser tão bons como eles. E que transformam o querer ganhar em querer ser mesmo bom, e esforçarmo-nos por aprender a jogar tão bem que um dia possamos ganhar aos melhores. Um jogo bem jogado dá muito gozo. E a antecipação põe-me um sorriso de orelha a orelha. Há lá nada melhor.
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