quinta-feira, setembro 07, 2006

O tempo que falta

Desde que cheguei à idade adulta, com um trabalho, um puto, uma casa minha (enquanto pagar o aluguer, como diz a minha mãe), e uma vida que eu decido como é que é, que nunca tenho tempo para nada. Ou melhor, não tenho tempo para tudo, porque para nada vou arranjando. As minhas listas de afazeres são sempre perturbadas por coisas mais urgentes que enviam outras coisas possivelmente importantes para o fudo da lista. Entre as tais "urgências" contam-se sonecas ao fim da tarde, ou ao princípio da manhã se for fim de semana, que eu sou daquelas pessoas que se levanta para tomar o pequeno-almoço mas que depois disso continua o sono no sofá, com a televisão a embalar-me. Depois há outras coisas nada urgentes mas que simplesmente apetecem mais: tentar acabar aquele jogo que já tenho há mais de um ano, ver mais um episódio de uma série qualquer, ler blogues como se não houvesse amanhã.
Há afazeres com datas limite a que não há como escapar - pagar as contas, inscrever o miúdo nas actividades que ele gosta, comprar os livros e material escolar, pagar outras contas. Esses são os que nunca me esqueço, mesmo que tenha que me mandar vários emails para me relembrar.
E depois há aqueles afazeres do tipo "coisas que eu sempre quis fazer mas que por serem uma seca ou porque simplesmente não me apetece fazê-las durante a maior parte do tempo nunca irão sair desta lista". Coisas do género arrumar a tralha que já não serve para nada, deitar fora os brinquedos partidos/incompletos (para que é que serve um puzzle de 600 peças ao qual faltam 5 peças?), livrar-me da roupa que ficou demasiado pequena ao miúdo, ou ler um dos 324 livros que comprei nos últimos dois anos ou que me emprestaram e que nunca mais devolvi - o que me vale é que os meus amigos não se zangam comigo nem ficam de trombas por eu não lhes devolver mais rapidamente as coisas que são deles antes que me esqueça quem é o dono. Passo mais tempo a pensar que quero/devo fazer estas coisas do que realmente a meter as mãos na massa. E quando ponho as mãos à obra e começo uma destas árduas tarefas, há sempre qualquer coisa que me impede de a terminar. Quando afio todos os lápis e verifico quais as canetas e marcadores que ainda escrevem decentemente - tarefa anual realizada normalmente uns dias antes do novo ano escolar - acabo sempre por me perder na cozinha onde vou deitar as aparas dos lápis (no caixote do lixo que lá está, não na cozinha em si). Ou porque me deu a fome, ou porque encontrei outra coisa qualquer fora do lugar, ou porque há uma base de velas a precisar de ser limpa, ou porque o telefone tocou e eu entretanto já nem me lembro do que é que estava a fazer antes. Às vezes, quando isto me acontece, vem-me à mente, qual musa inspiradora, a minha professora primária. Ela também se perdia com os miúdos da minha sala. Começávamos a falar de uma coisa e quando dávamos por ela já tínhamos falado de milhares de coisas diferentes e já ninguém se lembrava do que era o assunto original. Então começávamos em conjunto a pensar "para trás" nas coisas que tínhamos discutido, até nos recordarmos do tema que tinha originado um debate tão grande. Ainda hoje uso este truque, se bem que às vezes não me sirva de nada. O meu cérebro trabalha em alta velocidade, só comparável à velocidade da luz, mas só gosta de andar para a frente... ;)
Mas voltando ao assunto (no computador é muito mais fácil voltar ao assunto, já que está tudo escrito e basta ver acima do que é que se estava a escrever) hoje escrevi mais umas listas de coisas a fazer. As urgentes, as semi-urgentes, e as que estou sempre a adiar.
E neste preciso momento, poderia estar a dar cabo de mais um item desta lista em vez de estar para aqui a escrever inutilidades no blogue. Está decidido. Em vez de perder tempo, vou fazer alguma coisa. Pelo menos até que algo me volte a distrair.
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