Para responder a pedidos de várias famílias, durante o WM irei postando algumas coisas por aqui - mas sempre que um assunto tenha interesse geral, não responderei directamente aos comentários mas escreverei um post sobre o assunto.
Não sei se ando a ser enganada. Ontem fui passear para a Santa Catarina cá do sítio (a Fussgängerzone) e realmente não vi muito mais gente que o costume, durante esta época do ano. Mas algumas pessoas, que vivem noutra zona da cidade, asseguram-me que há imensa gente por aí, e que a polícia andava a verificar os passaportes do pessoal no metro, e ainda que quem vai para a zona do estádio de metro tem que abrir as carteiras e mostrar que não anda com nada perigoso. Entretanto, ao comentar este assunto com outras pessoas, relembraram-me que nas últimas duas semanas as escolas bávaras estiveram com férias, e por isso metade dos alemães piraram-se para Itália, onde faz bom tempo durante todo o ano. Sorte a deles, quem por cá ficou teve, até anteontem, de gramar com o frio e o tempo cinzento.
Finalmente parece que o Verão chegou. Por quanto tempo, nunca se sabe, mas eu aposto que pelo menos durante quinze dias não vou ter que usar casaco outra vez. Já a gabardina, não garanto, que aqui o Verão é a época mais chuvosa (e bem!) do ano - enquanto em Portugal há fogos por cá costuma haver inundações.
Penso que já tinha contado que em Munique há normalmente imensa polícia. Apesar de eu não o ter notado durante mais de um ano, provavelmente devido às suas fardas de calças castanhas e casacos verdes, que se confundem com as árvores, os polícias por aqui são mais que muitos. São tantos, e têm tão pouco que fazer, que normalmente se entretêm a chatear as imensas pessoas que se deslocam diariamente de bicicleta (são mais fáceis de apanhar). Ou porque passaram um sinal vermelho, ou porque vão no sentido errado da via de bicicletas (às vezes é preciso dar uma volta enorme para se ir pelo caminho certo), ou porque não se apearam nas zonas pedonais, ou porque não têm luzes, ou porque beberam e vão a conduzir (uma bicicleta, sim). Nunca me apanharam a atravessar a passadeira, a pé, com o sinal vermelho, mas suponho que se me vissem não hesitassem em passar-me uma multa. Pergunto-me se isso dará direito a suspensão da carta de condução, da mesma maneira que certas infracções de bicicleta (aliás, a primeira pergunta que os polícias fazem aos ciclistas que apanham em falta é se têm carta de condução), mas é bem provável. Se em vez dos enormes livros que listam as regras, ou seja, proibições, alemãs, alguém escrevesse um livro com aquilo que é permitido, suponho que este último seria um livrinho bem fininho, escrito com letras grandes, como os livros infantis. A única coisa em que consigo pensar é na liberdade de conduzir à velocidade que se queira em certas zonas das autoestradas.
Já estou a divagar. O que eu queria dizer era que por estes dias, Munique tem ainda mais polícias que o costume. Tantos, que não me conseguem passar despercebidos. Se por um lado me mete impressão, por outro fazem-me sentir um pouco mais segura. É que normalmente não tenho problemas absolutamente nenhuns em andar por aí sem me preocupar com a carteira, se tranquei o carro, enfim, coisas básicas de segurança e protecção dos meus haveres. Isto durante todo o ano, excepto durante a Oktoberfest, em que, alegadamente, ocorrem mais roubos já que há mais gente e há organizações de bandidos que se dirigem à cidade para aproveitar a confusão e rapinar o que lhes aparecer à frente. Suponho que por agora seja parecido. Um dos fenómenos que me espantou há poucas semanas foi o aparecimento de pedintes na cidade. Pedintes que, cheguei a descrever aqui, se colocam de joelhos, com as duas mãos em concha, e que esperam que as pessoas lhes dêem dinheiro. Bem, vinha no outro dia no jornal uma referência, logo na primeira página, a este assunto. Afinal, estes pedintes que apareceram de repente fazem parte de uma organização, ganham cerca de 20 euros à hora (limpos, sem trabalhar, sem pagar IRS sem IVA), e que o próprio chefe da organização foi apanhado com bilhetes de primeira classe para vários locais do mundo. É por estas e por outras que não dou dinheiro a pedintes.
A partir de hoje nas estações de comboios/metro podem-se ouvir as boas vindas aos visitantes em várias línguas. Ontem já havia letreiros electrónicos com "Welcome/Bienvenue/Bienvenidos/Willkommen" para nos (?) fazer sentir em casa. Para mim, no entanto, a verdadeira satisfação veio de ouvir nas ruas portugueses. Não é que nunca aconteça, mas é sempre especial encontrar compatriotas por aí. Estes que eu apanhei ontem devem ter apanhado um choque térmico: apesar de eu andar por aí em calças de ganga e t-shirt eles não dispensavam os seus casacos. Sim, por aqui não há ondas de calor nem nada parecido. O aquecimento global ficou-se pelo nosso país.
Outro dos efeitos do campeonato de futebol é no espírito das pessoas que normalmente vivem em Munique. Uns ficam doidos porque odeiam a confusão e vão de férias - estes são provavelmente os mesmos que vão de férias durante a Oktoberfest - e outros, os que gostam de futebol, organizam-se para verem os jogos nos muitos locais públicos onde há écrans gigantes e cerveja a rodos. Felizmente o tempo ajudou. Além de verem os jogos, há imensas pessoas que se entretêm com jogos de apostas sobre o campeonato. Eu também me meti nisso, aliás até me meti em dois jogos (com regras diferentes), só para dar mais emoção à coisa. E isto vai totalmente contra os meus princípios (quais princípios?), eu nunca aposto em nada...
Hoje tenho a impressão que imensos colegas meus se baldaram ao trabalho. Ao almoço encontrei pouca gente, e os que encontrei só tinham a cabeça no futebol ou nas compras. Agora eu também já não penso noutra coisa. Futebol, sol, compras e boa disposição. Assim é que eu gosto de Munique.
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