Quando o miúdo se porta mal na escola, leva uns castigos que eu acho curiosos. Curiosos, estranhos, de eficácia duvidosa, enfim, nem sei qual a melhor maneira de os descrever. Esses castigos passam por escrever qualquer coisa numa folha A4. Se esteve desatento, tem que escrever (nem eu sei o quê, suponho que alguma coisa sobre a aula ou sobre a matéria a que esteve desatento), se disse alguma coisa que não devia a um colega, tem que escrever uma carta a pedir desculpa, que nem sei se é entregue "à vítima" ou se fica apenas guardada na pasta dele. Ao início estas coisas incomodavam-me muito (como é que o meu miúdo se pode portar mal, ele é um amorzinho, como é que pode dizer essas coisas que ainda para mais ninguém lhe ensina cá em casa que nós não dizemos asneiras e muito menos em alemão, como é que ele pode não fazer o que lhe mando se cá em casa é tão bem mandado, estes professores devem ser uns deleixados, uns preguiçosos, que só querem é que os miúdos fiquem quietos e calados o tempo todo, que é para não darem trabalho...), e acabava por as assumir como um castigo para mim, mas entretanto habituei-me, quer dizer, o miúdo cresceu e passou a escrever as folhas dos castigos sem se queixar e sem me dar grandes preocupações (já fizeste? porque é que disseste isso? porque e que estavas distraído na aula? porque é que disseste essas palavras que não aprendeste cá em casa?...). E ele passou a desculpar-se lindamente, até dá vontade de rir, ó mãe, foi o M que estava a discutir comigo e o professor ouviu estas coisas mas eu nem sei se fui eu que disse ou se foi ele, e eu a pensar que isto até é normal e que eu da idade dele também dizia barbaridades só que normalmente não era apanhada.
Uma das coisas que me deixa baralhada é quando o miúdo me tenta enganar. Fico a pensar se lhe devo destapar a careca, ou deixá-lo safar-se. Já a minha mãe dizia "o que tu sabes ainda a mim não se me esqueceu". E há uns dias, quando o miúdo me pediu para assinar uma folha em branco, eu vi logo o que é que ele queria. Até disfarcei, só para ver até onde é que ele iria chegar. E quando vi o resultado, fiquei admirada. Não havia motivo para estar preocupado. Está bem que disse uns palavrões a um amigo no recreio, mas não me parece que fosse caso para ficar com medo da minha reacção. Mas o pior, é que nem sequer optou pela maneira de falsificar a minha aprovação, quer dizer, assinatura na carta de desculpa, que seria escrever as desculpas na folha que eu tinha assinado, propositadamente, no fundo. O miúdo tentou copiar a assinatura para a carta que já estava escrita, e fê-lo mal e porcamente. Suponho que dentro de uns anitos consiga imitá-la perfeitamente, mas para já não engana ninguém, nem mesmo quem não conhecer a assinatura original. E aí, o meu dilema: deixo-o ir para a escola com a assinatura forjada, e meter-se em sarilhos com o professor, ou faço de conta que estou muito chocada com o que "acabei de descobrir", e dou-lhe um sermão?
Deixei-o ir. Se tiver azar, leva com dois sermões em vez de um.
[Adenda] E não é que o puto se safou? De certeza que ninguém verificou aquela assinatura... isto é que é incompetência dos professores :P (estou a brincar). Daqui a uns dias lá vou ter eu que "descobrir acidentalmente" o servicinho dele e ter uma conversa muito séria. Meu menino, não se tenta enganar a mãe e os professores (pelo menos desta maneira). À próxima vê lá se tens mais engenho!
3 comentário(s)
segunda-feira, março 27, 2006
O castigo
3 Comentário(s):
Demais... estes são os posts no teu blog que mais curto... :D :D :D
By Rui Guimarães, at 2:18 da manhã
LLLLLOOOOOLLLLLL
By Dani, at 7:53 da tarde
Ha posts que so valem com continuaçao..
By Rita Maria, at 11:37 da manhã
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