Quando era miúda, tinha alguma dificuldade em conseguir o que queria. Muitas coisas tinham que ser negociadas até à exaustao, e os meus pais nao eram dos que cediam a birras ou caprichos. Assim, tive que aprender a negociar, quer dizer, a dar a volta aos meus pais sem que eles se apercebessem. Provavelmente eles até me topavam à distância. Mas dizer apenas que nao queria aquela mochila horrorosa porque nao gostava dela, nao era razao suficiente. Entao aprendi a descobrir defeitos às coisas. Afinal, nada é perfeito. Aquela mochila horrorosa era pequena, principalmente se comparada com a mochila vermelha linda que eu queria ter, e que custava o dobro. Aquelas calcas de ganga com um corte horroroso apertavam-me, e o número a seguir ficava-me largo, portanto tinha que levar as outras, muito mais giras, e que me assentavam muito melhor. Quanto a doces, nao havia nada a fazer, só em dias especiais, e se ajudasse a mae nas compras.
Nos meus anos de teenager, comecaram os problemas das saídas. Os meus pais, apesar de conhecerem perfeitamente todos os meus amigos e as famílias deles, perguntavam-me sempre com quem é que ia, onde ia, a que horas voltava, quem era esse gajo com quem eu ia sair (de tarde!) e quem eram os pais deles. E claro, volta e meia proibiam-me de ir a uma festa ou a um sítio qualquer. Sabendo que havia uma certa probabilidade de os meus pais dizerem que nao aos meus pedidos, optei por uma solucao brilhante. Volta e meia inventava um acontecimento qualquer, na esperanca que eles dissessem que nao, para que na vez seguinte, quando houvesse uma festa verdadeira, eles me deixassem ir. Se por acaso eles permitissem que eu fosse ao evento fictício, entao no próprio dia fazia de conta que nao me apetecia ir, com intencao de que os meus pais pensassem que eu até era uma miúda caseira. Pois...
Nem era nada de especial, mas resultava.
Hoje em dia já preciso de tanta ginástica. Mas ainda assim, há situacoes em que dá um jeitaco saber dar a volta às pessoas. Com umas resulta, com outras nao, mas nao se perde nada em tentar.
0 comentário(s)
Free Counter
desde 08.12.2005
Posts Úteis
Notícias
Utilitários
Outros Blogs
De vez em quando
segunda-feira, março 06, 2006
Gestao de expectativas II
0 Comentário(s):
Enviar um comentário página inicialBlogs Emigrados
- A Casa da Micas
- Albarcuel, uma Praia na Sibéria
- As Sílabas Tónicas Sem Gás
- Boas Intenções
- Bolas de Berlim
- Café da Nysa
- Correio Verde
- Cromossoma X
- Dedos de Conversa
- Estação Central
- Flor dos Alpes
- Há Mouro Na Costa
- Inês em Nova York
- Mão Tremida
- Minhoca nas Salsichas
- Não sei se é boa ideia
- Rititi
- The Awful German Language
- Tiago Pinhal
- Triping Out of my Space
- Spectrum
- Um Portuga em Apuros nos Trópicos
Diariamente
- 1001 maneiras de poupar
- A Testar os Meus Limites
- Ana no País dos Dragões
- A Pipoca mais Doce
- O Boato
- Bosque da Robina
- Confraria do Atum
- Controversa Maresia
- Escandaleiras
- High Fidelity
- Lilás com Gengibre
- Lista de Compras
- naked sniper
- Novo Rumor
- Num dia de Chuva
- Quase em Português
- Random Precision
- Sociedade Anónima
- Tiras da Lagoa
- Troll Urbano
- Vida de Casado
Arquivos
- abril 2004
- maio 2004
- junho 2004
- julho 2004
- agosto 2004
- setembro 2004
- outubro 2004
- novembro 2004
- dezembro 2004
- janeiro 2005
- fevereiro 2005
- março 2005
- abril 2005
- maio 2005
- junho 2005
- julho 2005
- agosto 2005
- setembro 2005
- outubro 2005
- novembro 2005
- dezembro 2005
- janeiro 2006
- fevereiro 2006
- março 2006
- abril 2006
- maio 2006
- junho 2006
- julho 2006
- agosto 2006
- setembro 2006
- outubro 2006
- novembro 2006
- dezembro 2006
- janeiro 2007
- fevereiro 2007
- março 2007
- abril 2007
- maio 2007