sexta-feira, novembro 04, 2005

Louca por roupa (?)

Gosto de roupa. E de calçado - sapatilhas, botas, sapatos, chinelos, sandálias. E gosto de ir às compras, e trazer qualquer coisa nova, nem que seja só uma t-shirt baratinha e muito simples, ou um top de alças de uma só cor. Às vezes acho que tenho roupa a mais, que devia deitar a metade que nunca uso fora, e nunca mais comprar nada a não ser peças que substituam outras que deveriam ir para o lixo. Mas é difícil. É difícil resistir a um par de calças especiais, ou a uma t-shirt especial, ou a um casaco super giro de uma cor que ainda não se encontra no nosso guarda roupa. Isto, claro, se o preço estiver dentro dos limites, que eu não sou "louca por compras".
Apesar de gostar de coisas novas, o que eu acho mais difícil de tudo é deitar fora roupa e calçado, que por algum motivo já não deveria usar. Aquele casaco vermelho que levei na minha viagem a Londres (falo sempre "da" viagem a Londres, apesar de não ter sido uma viagem a Londres, e de ter estado várias outras vezes nessa cidade), que entretanto ganhou um buraquinho, está guardado há uns anos sem que eu o use. O casaco castanho que fazia conjunto com uma saia, super giro, que já não uso desde que vim para cá, porque deixei de usar saia e casacos curtos no tempo frio (e para o verão, é um conjunto muito quente). Aquelas sandálias que já devem ter uns 8 anos, que não uso há nem sei quanto tempo, entretanto perderam a forma e não têm piada nenhuma, ainda contiuam a ocupar espaço num armário. E as botas que eu adorava usar há décadas atrás (sim, é um exagero), já nem me servem (apertam-me), e nem assim me livro delas.
O mais difícil de tudo, é deitar fora a t-shirt giríssima que comprei na primavera deste ano e que tem um buraquinho pequenino em baixo. Aquilo quase nem se vê, digo eu, porque me custa tanto separar-me dela, mas não posso ir trabalhar com uma t-shirt rota. E a outra t-shirt comprada na mesma altura, cuja costura se estragou num sítio que não dá para arranjar, por ser uma costura com um desenho especial feito à máquina e que se vê por fora.
Associo a roupa e o calçado, mais que outros objectos, a estádios da vida, às ocasiões em que os usei, às pessoas que ma ofereceram, e por isso custa-me deitar fora aquele pedacinho de mim. Ainda tenho t-shirts velhas e gastas, que as minhas manas ou as minhas amigas me deram, mesmo que já não as use, porque me custa separar-me daquele pedacinho de amor e carinho que ali está.
Quando deitar fora aquela t-shirt velha, já não vou pensar na minha amiga quando a vir, porque já não a vou ver (a t-shirt, não a amiga). Quando deitar ao lixo aquele casaco vermelho, se calhar vou esquecer o quão orgulhosa me senti no dia em que o comprei.

Esta história toda fez-me lembrar o casaco que o meu pai me comprou quando entrei para a universidade. Esse ainda uso, porque me fica muito bem, mesmo depois destes anos todos. De cada vez que lhe pego, lembro-me daquele novo começo (a universidade). Lembro-me do meu pai, e o quanto ele gosta de ir às compras. E da chuvada imensa que uma vez apanhei com aquele casaco, em que fiquei com a roupa completamente encharcada apesar de só ter estado uns 10 minutos à chuva.
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