sábado, junho 04, 2005
Um negócio que nao é da China
Há uns dias atrás, estava a ver num canal qualquer de televisao um programa da BBC. Nao vi desde o início, mas basicamente havia um tipo que andava pelos países subdesenvolvidos a tentar comprar tecido típico dos locais, que depois enviava para Londres, para estudantes de moda fazerem um vestido com os tecidos que ele enviasse. Até aqui tudo bem. No entanto, na passagem por países africanos deste homem, ele deparou-se com uma realidade interessante. Por um lado, foi-lhe extremamente difícil encontrar os tais tecidos tradicionais. Por outro lado, os mercados desses países vendiam roupa tipicamente ocidental. Marks & Spencer, Adidas, Nike, tudo aquilo que nós temos acesso por aqui. E os africanos compravam ali tudo o que havia. O que parecia estranho eram os preços: uma t-shirt Calvin Klein custava 50 cêntimos de euro. Isto porque a roupa vendida nesses mercados é roupa em segunda mao, que foi doada por europeus como eu. O senhor que estava a procurar os tecidos tradicionais foi falar com alguém do governo do país. E descobriu que a indústria têxtil do país estava em declino devido a estes mercados, e que a única preocupaçao do governo seria no futuro proibir a venda de roupa interior nesses mercados - o político entrevistado achava nojento alguém usar as cuecas que já outra pessoa tinha usado.
A seguir ao programa, algo fez click na minha cabeça. Alguém anda a recolher a roupa e calçado que eu dou, de graça, e a ganhar dinheiro à custa disso. Se fosse uma ONG como por exemplo a Cruz Vermelha, que é uma das organizaçoes que deixa o saco na minha caixa do correio uma vez por ano, óptimo. Mas aquele negócio é grande demais para ser apenas resultado da Cruz Vermelha e outras ONGs venderem a roupa que recebem.
Fui ver o caixote de recolha onde costumo entregar estes itens. Tem afixada uma etiqueta. Aliás, duas. Uma diz que quem for apanhado a roubar o que estiver dentro do contentor será obrigado a pagar uma multa de 25€. A outra diz "por favor ajude" e tem um número de um telemóvel.
Ao tentar telefonar para o número indicado, a indicaçao é de que o número nao se encontra atribuído. Ou nunca existiu, ou foi desactivado. O facto de ser um telemóvel, leva a crer que alguém anda a fazer negócio com a minha boa vontade, e a boa vontade de outros. Agora nao sei o que vou fazer com a roupa e calçado que já ninguém usa cá em casa. Mas uma coisa é certa. Nao vai parar aos contentores espalhados pela cidade. 7 comentário(s)
7 Comentário(s):
como é que fizeste para que te entreguem os saquinhos da Cruz Vermelha em casa? e depois vao buscá-los ou tu é que os depositas num contentor próprio? é que eu também nao gosto muito de doar coisas a quem nao sei o que faz com elas.
, atNao fiz nada. Eles é que em certas alturas do ano poem os saquinhos nas caixas de correio das pessoas e avisam que vêm buscá-los, de preferência cheios, uns dias depois.
By snowgaze, at 10:19 da tarde
Aqui a Cruz Vermelha não deixa os tais saquinhos, mas de vez enquanto deixa uma informação na cx de correio a avisar que em tal dia no local "X" estará um contentor deles para as pessoas lá deixarem as coisas. Também podes entregar nos hospitais que trabalhem com a Cruz Vermelha, é o que eu costumo fazer.
By Micas, at 11:39 da tarde
e' melhor dar (independentemente de quem recebe) do que deitar no lixo!
cada um recebera a recompensa da vida de acordo com o que faz!
:)
By Nic, at 2:33 da manhã
Snow!...
Volta!
By Rita Maria, at 2:30 da tarde
Entao, a ter que fazer dinheiro com isso fazes tu. Pq nao por na ebay? (olha que má fé a minha!)
By Mãe Minhoca, at 5:15 da tarde
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By Mãe Minhoca, at 5:15 da tarde
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