quinta-feira, janeiro 13, 2005

Dar ou não dar

Concordo plenamente com este artigo do nónio, acerca das ajudas recolhidas para as vítimas do maremoto na Ásia. Também eu, antes de dar, muitas vezes me interrogo quais os destinos que o dinheiro levará, e por não conhecer esses destinos, não dou. E mais. Quando me interpelam na rua, a pedir para esta ou aquela instituição de solidariedade social, não digo "não tenho", ou dou qualquer outra desculpa esfarrapada. Digo, isto sim, "não dou". Assumo. Não me interessa. A causa da ISS em questão pode ser a melhor, mas eu não sei qual a percentagem do dinheiro que eu dou que será realmente utilizada para essa "causa". Quanto desse dinheiro será perdido em "despesas administrativas"...

Ao contrário, acabo por quase sempre dar uma moeda aos pedintes na rua (e não estou a falar dos arrumadores). Há quem me censure, dizendo que a maioria deles são podre de ricos e que vivem sem procurar trabalho porque a vida de pedir é mais fácil e nem paga impostos. Mas eu prefiro dar a 100, e ajudar um que realmente precise, do que não dar a nenhum, e não ter ajudado o que precisava.

Há uns tempos, na rotunda da areosa, estava parada num semáforo quando veio um senhor pedir-me 2 euros para gasolina. Disse que o carro tinha ficado sem gasolina, que ele era de Braga e estava ali com a filha de 12 anos, e precisava de meter gasolina para voltar para casa e não tinha dinheiro. Disse-me que tinha um café em Braga (e o nome do tal café, mas já não me recordo qual era), e quando lhe dei o dinheiro (fiz uma vaquinha ali mesmo no carro e juntei 5 euros para lhe dar pois pensei que 2 euros o homem não ia a lado nenhum) disse-me que quando fosse lá ao café dele me oferecia o jantar.
Quando cheguei ao meu destino, a minha irmã (que vinha noutro carro, atrás, e tinha visto a cena), perguntou-me porque é que eu tinha dado dinheiro ao homem. Eu contei-lhe a história toda e expliquei-lhe que não podia deixar ali o homem aflito. Aí ela disse-me que aquele homem estava sempre ali e contava sempre uma história parecida. Claro que eu fiquei um bocado chateada por ter sido enganada. Mas também logo me passou, pois no fundo, prefiro ser enganada algumas vezes e realmente ajudar das outras. É que já me aconteceu uma vez precisar de ajuda, e ninguém se dignou a ajudar-me.

PS - lembrei-me agora do Banco Alimentar Contra a Fome. Nos fins de semana em que nos dão um saquinho à porta do supermercado, acabo sempre por lho entregar à saída com qualquer coisa dentro. Mesmo nos tempos em que achava que até eu precisava de ajuda. Mas dar comida é diferente de dar dinheiro. E até pedintes de semáforos já foram brindados com um pacote de leite com chocolate e mais qualquer coisa que eu tivesse à mão...
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