segunda-feira, abril 30, 2007

Dúvida existencial*

*do blogue

Para mudar de blogue, é preciso mudar de blogue?
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presente do conjuntivo

Não ouvi os discursos do 25 de Abril no dia próprio, nem é coisa que normalmente me preocupe, que aqui não é feriado e uma gaja trabalha, tem mais que fazer do que ouvir os políticos a falar, e ainda para mais os telejornais estão cheios de desgraças e não há pachorra. Mas leio blogues, algumas notícias na net, e vejo alguns programas da sic notícias. Como o eixo do mal. Desta vez eles passaram um bocadinho do discurso do Cavaco, o do 25 de Abril. Era capaz de jurar que o ouvi dizer que queria "que sejemos governados" por políticos melhores. Mas devo ter ouvido mal. Só pode. Porque se ele tivesse realmente dito "sejemos" alguém teria pegado com ele. Ou então eu é que já estou emigrada há demasiado tempo e perdi a noção de como se fala português.
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Coisas mesmo fixes

Mas mesmo muito fixes, tão fixes que só de pensar nelas fico com um sorriso de orelha a orelha, e só me dá vontade que o tempo passe depressa para poder ir...
Os pros convidaram-me para ir jogar com eles. Vão-me dar uma abada, mas vai ser tão fixe. Estou sempre pronta para levar uma coça destes gajos. Até que aprenda mais um bocadinho e lhes consiga ganhar, pelo menos.
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Uma das muitas razões pelas quais adoro o meu mais que tudo

Eu imagino, ele põe em prática.
Foi assim: estava eu a olhar para a quantidade enorme de sapatos que povoa(va)m o chão da entrada de casa, quando tive uma ideia brilhante: nós devíamos era ter uma estante com muitas prateleiras, cada uma só com a altura necessária para enfiar os sapatos. Não queria um armário para nada, e muito menos uma sapateira, que para mais as sapateiras costumam ter umas dimensões que não dariam jeito nenhum lá em casa. E o ideal era mesmo poder admirar os sapatos só por passar em frente ao móvel. E o meu amor concordou, foi comigo às compras (da estante), e ainda tratou de comprar e fazer as prateleiras extra. Agora temos os sapatos a olhar para nós, tão lindos, e já não corremos o risco de tropeçar neles.
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sexta-feira, abril 27, 2007

Em Roma, sê Romano

E em Munique, sê o quê?
Numa sexta feira de sol e calor como esta, começar por tirar meio dia de férias e rumar às montanhas. Para quê? Fazer escaladas, a sério, com cordas e grampos (ou pregos, ou lá como se chamam aquelas coisas). Ou então fazer escaladas a brincar - levar uma mochila às costas com o piquenique, mapa a indicar o caminho, e subir pelo caminho mais percorrido. Para os batoteiros há a versão subir a montanha até ao primeiro restaurante e ficar lá a apanhar sol e a beber cervejas, afinal ou somos bávaros ou então o melhor é mandarem-nos já para o exílio. Para quem prefere água fresquinha, pode sair à hora normal, e dirigir-se imediatamente ao Isar, para laurear a pevide. Toda. Não é preciso material nenhum: a roupa, tira-se, e pode muito bem ficar a fazer de toalha. A água deve rondar os 9 graus, perfeito para gelar os pés dos mais calorentos. Para os outros, pela primeira vez desde sabe-se lá quando, as piscinas ao ar livre (não aquecidas, mas com a temperatura da água mais agradável que o gelo do Isar) já abriram - oficialmente, é Verão.
Também se pode pegar na bicicleta e fazer uns kilómetros pelos diversos caminhos exclusivos para as biclas: menos de 20 kilómetros não conta como desporto. Como grande parte do pessoal já leva as duas rodas para o trabalho, A divresão começa mal acaba o expediente. Os mais loucos vão com destino marcado - longe, tão longe quanto possível, até Salzburgo, Roma, quem sabe, que o fim de semana é comprido para quem quiser meter a segunda feira de férias, e podem sempre voltar de comboio. Para os que conseguem chegar ao destino - que os há, mesmo que o destino seja Roma - o prémio final é meia dúzia de quilos perdidos e o rabo à rasca. Sim, que os selins não são para brincadeiras, f**** qualquer um.
Os verdadeiramente preguiçosos ficam mesmo por aqui, quer dizer, pelo Biergarten mais próximo. Cerveja e sol - que é um gajo pode querer mais? Talvez os gelados, disponíveis em qualquer janela de restaurante italiano. Ou cafetaria. Ou esplanada.
E eu, vou fazer o que?
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quarta-feira, abril 25, 2007

Casa de vidro*

Título do jornal, em letras bem gordas: "vem aí o verão do Sahara".
Só o Bild para se sair com uma destas. Uns optimistas, é o que são. Eu só acredito em verões tropicais (com monções à mistura) até prova em contrário.

*Glashaus - estufa
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terça-feira, abril 24, 2007

Duas horas

Duas horas com uma raquete na mão e as bolas a saltar de um lado para o outro. Às vezes mais devagar, muitas vezes muito depressa. Às vezes tão rápidas que aleijam se acertam nos dedos. Às vezes vão e voltam a uma velocidade estonteante, e  tornam a ir e tornam a voltar, e a adrenalina aumenta à medida que elas vão e vêm. E fazem-me rir. Às vezes acertam no canto da raquete e vão parar longe. Às vezes batem na rede e ainda assim são válidas, às vezes batem nos cantos da mesa e vão numa direcção inesperada. São os "profi-points", dava para fazer um jogo só a contar com estes pontos em que a sorte conta mais do que tudo o resto. Ou talvez seja mesmo profissionalismo.
Podia fazer isto a tarde inteira, todos os dias. Ou quase todos os dias. Durante horas e horas, até que me o corpo doesse tanto que já não me fosse possível continuar. Há prazeres assim, que fazem sorrir só de pensar neles, e que nos põem de cara alegre enquanto duram, mesmo que já estejamos mortos de cansaço, com dores no polegar que levou com uma bola a mais de 100km/h e que ficou com uma veia a latejar. E que fazem rir enquanto duram. Que nos levam a aceitar que há quem jogue melhor que nós, contra nós, e a admirar os pontos fantásticos que os outros fazem e a querer ser tão bons como eles. E que transformam o querer ganhar em querer ser mesmo bom, e esforçarmo-nos por aprender a jogar tão bem que um dia possamos ganhar aos melhores. Um jogo bem jogado dá muito gozo. E a antecipação põe-me um sorriso de orelha a orelha. Há lá nada melhor.
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segunda-feira, abril 23, 2007

À falta de melhor assunto II *

Ia eu dizendo que chegou a primavera e com ela, todas as chatices desta época do ano. As primeiras são as vespas e abelhas, de quem eu fujo porque sou alérgica às ferroadas que além de incharem por mais de uma semana e me fazerem uma comichão maluca, doem. Parece que este ano as vespas devem estar em vantagem, pois os apicultores (acreditem ou não mas também há apicultores por aqui, e eu até conheço um :)) queixam-se de que as colmeias estão vazias. Medo, muito medo. É que sem abelhas, quem é que vai polinizar as culturas? Como é que as plantas se vão reproduzir (estas preguiçosas, onde é que já se viu estar à espera que os outros façam o trabalho todinho?!)?
Para os alérgicos ao pólen, já cá está o problema anual. Amarelo ou branco, vê-se a voar por todo o lado, e antes disso começam a sentir-se os sintomas: narizes a correr, espirros incontroláveis, comichões. Um espectáculo, a natureza no seu melhor.
E o melhor de tudo, este ano aconteceu um fenómeno enquanto eu não estava por cá. Então não é que afinal por aqui também há fogos florestais? Até agora ainda não me tinha apercebido de nenhum, e eu até pensava que os alemães tinham um contrato com o S.Pedro para mandar chuva quando alguma coisa começasse a arder, pois nunca tinha visto nenhuma utilidade aos bombeiros, para lá de ajudarem quando há inundações. E prevenir, claro. Isto do aquecimento global troca as voltas a todos e agora então também estamos sujeitos a fogos florestais. Ironicamente, este de que comecei a falar ocorreu a menos de um kilómetro de duas corporações de bombeiros (pelo menos). E, apesar de ter sido perto da minha casa, não me apercebi de estragos. Se calhar fizeram uma corrida a ver quem apagava o fogo primeiro.

*pode-se sempre falar de doenças
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À falta de melhor assunto I *

Com a chegada da primavera, quer dizer, do verão, chegam também outras coisas menos agradáveis. Um gajo (uma gaja) vai de férias à terrinha, descobre que por lá está frio e chove de vez em quando, e quando regressa ainda tem que aturar bocas do piloto, do género ah e tal, na origem o tempo estava uma caca, mas na Alemanha faz sol e estão 25 graus. Tudo boas notícias, portanto. Todo o santo fim de semana, e semana, praticamente a toda a hora enquanto há sol, pude verificar que o Isar (o rio de cá) está cheio de coisas brancas estendidas nas suas margens, e não estou a falar das pedras. Até tem piada, porque não há um único corajoso que se atreva a enfiar-se na água, que ela vem das montanhas geladas, dizem que a uns míseros 9 graus, o suficiente para gelar o pé de quem estiver com calor ou então arrefecer as cervejolas do pessoal que se dedica a grill parties. E por falar em festas, a mim acontece-me de tudo. Não sei como, mas alguém que não conheço convidou-me para uma destas festas à beira rio. Quer dizer, sei como, foi por email. O que não sei é como, onde e porqué é que o meu email está na lista. Do resto do pessoal conheço aí umas duas pessoas (e a lista é bastante grande), e nenhuma delas organizou a festa. Às tantas o tipo - é que só podia ser mesmo um tipo - achou que era uma maneira original de me "conhecer". Assim como os putos da secundária.

*fala-se do tempo
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quinta-feira, abril 19, 2007

Momento Kodak

Há coisas que deviam ser conservadas para todo o sempre. E ficam, ficarão, pelo menos a sua memória será preservada porque há coisas tão especiais que marcam uma pessoa. Por exemplo, quando os dois homens da casa me obrigam a dar-lhes um dos meus pés a cada um (nestas alturas é bom só ter dois homens em casa, já que só tenho dois pés) e competem vigorosamente, a ver quem é que faz a melhor massagem ao meu dedo grande do pé. Só os outros dedos é que não acham graça a esta discriminação.
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Anda qualquer coisa no ar...

O puto está sempre, permanentemente cheio de fome, mesmo que já tenha comido o dobro do que era "normal". E eu ando cheia de sono, mesmo que já tenha dormido as 8 horas durante a noite e consiga enfiar umas sonecas nos momentos mortos (viagens de transportes públicos, enquanto o puto vai jogar futebol, a seguir ao jantar...). Deve andar por aí um mosquito a tramar-nos.
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El costo de la vida ♫ *

Preço a pagar por querer falar português, em vez de alemão ou inglês: ter que aturar uma tia durante quase meia hora a fazer uma coisa que normalmente demoraria uns 5-10 minutos. Poupei 8 euros mas perdi paciência.
Ao ouvir "minha senhora" ainda pensei em dizer-lhe "minha senhora não, senhora engenheira", só para ver o que acontecia, mas com esta história do Sócrates já não se pode ser engenheira. Agora só os doutores é que se safam.

*♪ de um dominicano, o Juan Luis Guerra


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quarta-feira, abril 18, 2007

Gelado

- Tenho fome.
- Mas acabaste de comer uma piza!
- Quero outra piza!
- Isso é muito, não consegues comer tanto. Queres antes um gelado?
- Está bem, mas tenho mesmo muita fome.
- Pede um Kindereis, que tem duas bolas.
- Quero um gelado de três bolas.
- Ai sim? E de que sabores?
- Baunilha... chocolate... hmmmmm .... Afinal quero só um gelado de duas bolas.

(E não é que chegou a casa a reclamar que ainda tinha fome, bebeu um leite com chocolate meia hora depois de ter jantado, e ainda continuou a queixar-se que tinha fome? Este puto deve estar com lombrigas...)
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Socorro!

Estou sem som!
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terça-feira, abril 17, 2007

A net está a funcionar

sem ser a passo de caracol. Viva! :) !!!

(e agora, vou ali buscar o dicionário de português, para facilitar a escrita em condiçoes - entretanto imaginem que está ali um til)
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Proibição de fumar

Ao entrar num centro comercial ou num café levo com baforadas de fumadores. Eles andam com o cigarro na mão, fumam escadas acima,  saboreiam o seu cigarrinho ao lado de quem lancha. Podem ser educadíssimos, podem ter os diplomas que quiserem, podem ser pessoas "bem" ou azeiteiros. De cigarro na mão ficam muito parecidos. Irritantemente parecidos. Cancerigenamente parecidos. É para ter pena de quem quando (se) for proibido fumar em espaços fechados? É que até hoje ninguém me perguntou se podia acender um cigarrinho ao meu lado. O espaço público não é do público. É de quem incomodar mais.
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Dormir demais

Dormir mais que as oito horinhas que me fazem tão bem tem algumas desvantagens. Ainda para mais, chatas. É que quando eu durmo demais, tenho sempre pesadelos naquela parte do sono que já não precisava. Desta vez foi o fisco que veio atrás de mim. Parece que há muitos anos, tantos que até duvido que ainda fosse possível o fisco verificar, eu, em sonhos, passei um recibo a mais. Em sonhos, porque na realidade eu não faria isso, mas apesar de ter sido um sonho não quer dizer que o fisco não me venha atormentar, em sonhos, claro está. Ora o fisco, muitos anos depois, descobriu que eu tinha passado esse recibo a mais. E em vez de dizer menina snowgaze, passe para cá X euros de imposto, e mais outro tanto por se ter esquecido que passou este recibo a mais, não, claro que o fisco não fez nada disso. Passou a noite toda (quer dizer, aquelas horas que dormi a mais) a ameaçar-me (de quê, não sei), a impedir-me de me defender, e a chatear os meus patrões para que me pusessem na rua. Isto faz-se? Já uma gaja não pode dormir descansada...
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curta

Às vezes o azar de uns é a má sorte de outros.
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Cavalo de Tróia

É sempre bom chegar de férias e ter uma surpresa à espera. Bom, sempre sempre não. Também há supresas desagradáveis. Por exemplo, apanhar um vírus potente (um trojan) que o antivirus não consegue eliminar (apesar de pensar que sim), e que só lá vai à custa de formatar o disco. Sim, é sempre agradável limpar o disco todo, pô-lo a brilhar, para depois o voltar a encher de porcarias como programas e dados. Dá um jeitaço. E entre copiar dados, formatar o disco, descobrir como formatar o disco, instalar o windows, instalar o antivírus, e esperar por todos os updates, passaram muitas horas. E ainda falta instalar os programas todos (à medida que forem sendo necessários) e copiar os dados.

FYI, o vírus vinha numa mensagem de email que nem abri. Nem sei qual era. o antivírus é que me disse que os vírus estavam na mensagem nr xpto.
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domingo, abril 15, 2007

Algarve nunca mais

Diz-se que não se deve voltar aos lugares onde se foi feliz. Independentemente de se ter sido ou não feliz em certos lugares, há sítios onde voltar é uma má ideia, não pelas recordações das pessoas que connosco lá viveram momentos (felizes ou não), mas porque a alteração rápida da paisagem pode surpreender, chocar, e marcar-nos por muito tempo.
O Algarve é supostamente o ex-libris do turismo nacional. Enquanto crescia, passei lá alguns Verões, e mais tarde comecei a apenas frequentar o Algarve na altura da Páscoa, por já não suportar o espectáculo de Verão dos magotes de turistas nacionais e estrangeiros, o trânsito caótico, as bichas para tudo, os supermercados cheios de gente, e as praias onde já não há espaço para andar entre tantas toalhas estendidas.
O Algarve que eu conhecia, que era mau em certas alturas do ano, e deserto no resto do ano, mudou, como aliás era de esperar, mas não da forma que eu imaginava. Continua a ser insuportável no Verão - dizem - e continua a estar deserto na época baixa. No entanto, a paisagem mudou drasticamente nuns sítios, e noutros está em vias de mudar. Há caixotes por todo o lado. Até pode ser barato comprar um T3 mais ou menos à beira mar, mas qual é o interesse de se viver num sítio onde as vistas darão, muito provavelmente, para os caixotes em frente, atrás e dos lados? Nenhuma, por isso é que ninguém se muda para lá, os caixotes estão vazios durante a maior parte do tempo. Agora percebo as conversas da treta do desenvolvimento sustentado, do turismo, das autarquias e dos construtores. Pois se nas cidades onde vive muita gente faz sentido construir prédios altos para poder haver uma maior densidade populacional - afinal, as cidades não esticam, têm apenas uma certa área onde o maior número de pessoas quer viver por uma questão de comodidade - o Algarve também não estica. Para enfiar milhões de turistas num espaço relativamente reduzido é necessário construir, construir, construir, e claro que a construção tem que ser em altura. Ao início até nem têm muito mau aspecto, aqueles prédios todos novos, pintados com cores bonitas, mas dêem-lhes uns 3 ou 4 anos para a tinta começar a estalar e a cair (como se pode comprovar pelos prédios um pouco mais "antigos") e aí se verá a belíssima paisagem que se criou. Claro que por essa altura ninguém se vai incomodar com esse facto - os andares estarão vendidos, e quem quiser comprar irá sempre para o novo caixote a ser construído umas centenas de metros mais atrás. Com o passar dos anos, se a coisa correr bem, haverá necessidade de deitar abaixo alguns prédios para construir novos - de preferência mais altos, para cativar a elite do turismo que pode pagar mais pelos andares de cima, e pelo privilégio de, por uns meses, ter as tais vistas de mar - até que o próximo arranha-céus seja construído mesmo à sua frente.
Entretanto, nem sequer há turistas suficientes para que a maioria dos bares e restaurantes de praia se mantenham abertos durante a época baixa (que é a maior parte do ano), e muito menos as lojas e restaurantes da vila ou cidade, enquanto que os cafés se encontram às moscas, e o conjunto parece uma enorme cidade fantasma, onde o sol brilha durante o dia, e a escuridão é a rainha da noite.
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sexta-feira, abril 06, 2007

Até já

Afinal havia restaurantes abertos. A Baviera pode ser mais papista que o papa, mas em Munique há quem se esteja nas tintas para a santidade desta sexta.

Se não aparecer por aqui nos próximos tempos, é porque ganhámos o totoloto. Ou porque, mesmo não ganhando, agimos como se tivéssemos ganho.

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com letra pequena

falar devagar, pensar devagar, viver depressa. não há tempo a perder, nem mesmo a tentar escrever com todos os dedos, para de futuro ser mais rápida. sei as letras de cor, e esqueço-me sempre como é que é com o b. esquece isto tudo, é de noite, já não há pressa para nada. está escuro, amanhã não tenho que me levantar cedo, ai de quem se atrever a acordar-me antes das nove, que eu sou uma besta quando me perturbam o sono e só perdoo ao despertador, depois de lhe dar umas valentes porradas a cada 9 minutos.
manhãs de domingo, de inverno ou de primavera, frias, as estradas vazias, as ruas desertas, os passaritos a passear pelos paralelos, uma única pessoa a atravessar aquela terra pequena enquanto todos dormem e o sol já brilha, e o ar que lhe entra pelo nariz gela-lhe as entranhas. está tudo quieto e parado, nem é assim tão cedo, mas não se vê vivalma, os cafés estão fechados, os quiosques também, tudo dorme, enquanto os pássaros tomam conta de tudo, é tudo deles àquela hora da manhã.
roda a chave na porta, podia ter vindo de bicicleta como faz no verão, perturbar aquele sossego, perseguir as avezitas pela rua fora, respirar fundo o ar que mais ninguém pode partilhar, cansar-se rua acima, acordar quem dorme. mas veio a pé, o frio faz com que tudo seja mais demorado, o passeio dura mais tempo e assim pode apreciar tudo com calma, deixar que a vida se entranhe na pele. caminha sempre pelo lado solarengo da estrada, absorvendo o pouco calor que o sol transmite, ganhando energia, acordando devagarinho.
sobe as escadas escuras, acende a luz, abre a porta da casa. Liga os equipamentos, fecha as janelas, procura uma cassete para gravar. Escolhe meia dúzia de discos para começar, devagar, ainda não quer acordar ninguém, é cedo, e é domingo, deixa estar quem descansa.
já não sei escrever, e comecei a reparar que escrevo imensas vezes a palavra não. a negação é uma chatice, ainda para mais se for sempre feita da mesma maneira.
subo as escadas escuras sempre a correr. odeio ir à casa de banho, este andar é escuro e depois tenho que subir as escadas depressa, antes que alguém venha e me apanhe. já bem me bastam os pesadelos em que sou perseguida toda a noite, sem que seja preciso mais esta escuridão a assustar-me. gozam comigo, dizem que tenho medo que o cão venha atrás de mim. qual cão, não há cão nenhum, mas esta escuridão é-me insuportável.
durmo sempre no carro, adormeço enquanto há movimento, e quando o carro pára acordo imediatamente. alguém me deve ter embalado constantemente enquanto era bebé. durmo com qualquer música. rock, pop, new age, clássica, heavy metal. o ritmo dá-me sono.
os hotéis na áustria correm-me sempre mal. já nem tenho vontade de experimentar mais nenhum, há sempre uns sacanas que começam a andar de um lado para o outro a partir das 6 da manhã que e não param nem por nada. ao domingo de manhã, sem paz nem sossego, e uma má disposição insuportável. só me apetece bater-lhes. perturbadores do sono alheio.
pára de falar comigo. pára de falar à minha beira. pára de fazer barulho. pára de olhar por cima do meu ombro. quero estar sozinha. deixa-me ser por um bocado. ser só eu, sem mais nada nem mais ninguém. eu e os meus pensamentos. eu e eu própria. eu e eu de há muito tempo. e e eu de aqui a muito tempo.
assim não se pode. não há condições.
quero ver o mar, as ondas a chegar à areia e a ir embora outra vez, a espuma branca e a água verde, a bater contra as rochas castanhas, e verdes das algas, e pretas do mexilhão, e ainda mais castanhas das lapas, quero ver os buracos nas rochas onde fica sempre água mesmo na maré baixa. quero sentir os salpicos da água depois de bater nas rochas, quero olhar para aquela água toda a ir e a vir, e ouvir os sons das ondas, e de algumas gaivotas, enquanto não há mais gente a perturbar, e fechar os olhos para sentir o sol a aquecer-me a pele, e a água a arrefecê-la. quero ficar só com os meus pensamentos, e o mar, e os meus fantasmas a fazerem-me companhia, a correr à minha volta, sentados nos bancos de pedra, a olhar-me da torre, a ver os telhados e os jardins lá de cima. quero ir passear sozinha com os pés descalços, a sentir a água fria, parar e deixar as ondas enterrarem-me cada vez mais fundo, e depois continuar, a minha avó gostava da água do mar, dizia que lhe fazia bem às pernas, e eu queimei o nariz quando ela esteve de férias connosco, e nem queria mais ir à praia.
desisto. não há mesmo condições.
(a areia a ficar com buraquinhos quando a onda regressa ao mar. escavar e encontrar bivalves. o cheiro à água salgada. os castelos na areia. a catedral de gaudi em barcelona, a parte feita por ele, que também parece um grande castelo na areia, terminado com areia molhada a escorrer da mão do criador, a fazer aqueles montinhos aqui e ali, irregulares, inesperados, perfeitos.)
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quinta-feira, abril 05, 2007

O mundo ao contrário

Sei que deve estar tudo errado quando vou a correr ao supermercado (antes que feche, que depois das oito não vai haver nada para ninguém até sábado, e depois como é que se come, hem?) e de todas as pessoas na caixa só eu é que não comprei chocolates. Nem aqueles coelhos da Lindt - o puto ainda tem um da avó alemã que deixou a meio há mais de uma semana e provavelmente não comerá até ao fim - nem ovos, nem a coisa mais parecida com amêndoas da Páscoa que por aí há. É a primeira vez que não me encho de amêndoas açúcar até me doer a barriga nesta altura do ano. E daí, talvez não. Ainda há tempo até domingo.

O que não percebo é como é que eu, no meio daquela gente toda, era a única pessoa com compras saudáveis. Morangos, bananas, cenouras, e iogurtes (saí de casa só para comprar cenouras e voltei com isto tudo). Não é normal.

Amanhã é dia de grande aventura. Ganha quem encontrar um restaurante aberto. Não vai ser fácil, e há já quem aposte que esta é uma tarefa impossível. Pelo sim pelo não, não sairemos de casa sem merenda. Ainda não vai ser desta que vamos morrer de fome.
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Há lá nada melhor

Está um dia de sol maravilhoso, e eu almocei na esplanada. Isto sim, é vida.
Na próxima semana planeio almoçar todos os dias à beira mar. Se estiver sol (vai estar, com toda a certeza que vai estar sol), isso é que vai ser.
No sábado o Lotto tem um jackpot de 14 milhões. Acho que já se justifica fazer umas chaves. Vamos lá ver quem tem sorte... :)
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terça-feira, abril 03, 2007

Nova Iorque a Lisboa

Qual a melhor maneira de viajar de Nova Iorque até Lisboa? Fácil. Vai aos google maps, clica em "Get Directions", e insere o nome das duas cidades. Depois... o mais importante está no item número 23: como atravessar o oceano Atlântico. Segundo o google, o melhor a fazer é ir a nado. 3462 milhas, a nado.
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Turdus merula

Acabado que está o Inverno (qual Inverno?), chegada a primavera (mas ela só esteve uma semana de férias), as árvores estão cheias de rebentos, e há flores novas por todo o lado. Os pássaros pretos gigantes, feios, barulhentos assassinos (nunca me hei-de esquecer de como assassinaram a sangue frio um pequeno melro que depois comeram no ramo de uma árvore, no ano passado, mesmo em frente ao meu nariz, e eu a ver, da varanda da minha casa, e nem sequer tinha um calhau para lhes atirar, sacanas dos bichos) já não são os únicos a pintar a paisagem. A menos de dois metros de mim, vejo pela janela dois melros muito entretidos. Não se incomodam comigo, deve ser uma falsa sensação de segurança por terem o vidro a protegê-los, aliado ao facto de me ter levado algum tempo a aperceber-me do que se estava a passar, os dois passaritos pretos vão debicando as plantas, escondem-se entre um arbusto - mesmo à minha beira, vejo-os tão bem -  e vão remexendo a terra. Parece que estão a fazer um ninho - estarão? não me importava nada, tudo menos aquelas gralhas horríveis - os bicos investigam todo o terreno nas proximidades e ainda aproveitam para meter alguma coisa para o bucho, que os passarinhos também precisam de se alimentar. Quando tenho a natureza a manifestar-se assim tão perto de mim tenho que parar o que estiver a fazer e observar, nesses momentos tudo fica silencioso, só ouço aquilo que quero ouvir, só vejo aquilo que quero ver. Chiu, não incomodes, senão acaba-se tudo, parte-se a cena em mil pedaços e não fica nada.

São dois melros, blackbirds em inglês, eu que pensava que os melros eram pretos e de bico cor de laranja fico a olhar para estes dois e estranho-os. Um é preto sim senhor, com o tal bico alaranjado, mas o outro é castanho, que estranho, porque será. Vou ver à net, qual geek que se preze, afinal os melros são pretos, mas as melras, quer dizer, as fêmeas, são castanhas. Está explicado. Entretanto acabou-se-lhes a brincadeira e voaram - primeiro saltitaram uns metros, foram à casa de banho dos pássaros e só depois voaram - voaram para longe. Tomara que voltem. É que logo a seguir ouvi um pombo, e não era bem este o tipo de vizinho que eu gostava de ter.
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Palavra do dia

Pletoricamente.

Quando leio uma palavra portuguesa que me é desconhecida, fico a pensar na minha condição de emigrante. Estar longe, mesmo na era da internet e da televisão por satélite, tem as suas desvantagens. À medida que o tempo passa, por mais livros, jornais e blogues que se leiam, fica-se com a sensação de que se domina cada vez menos a língua. Tanto a língua portuguesa como a própria língua que nos faz articular as palavras, que no meio de conversas numa língua faz com que saiam palavras de outra.
Fico perdida, como se me faltasse o degrau de uma escada, como se não pudesse ver onde vou pisar a seguir. Depois faz-se luz, e consulto o dicionário. Um dicionário online, que sempre deve ser actualizado de vez em quando, uma pessoa nunca sabe a que velocidade se move a língua, ainda que esta seja materna. O dicionário não sabe do que se trata. O google (define: pletoricamente) também não. Última tentativa: procuro no dicionário e no google "pleto". Também não está lá. Mais uma tentativa, que a última tentativa deve ser uma bem sucedida, procuro no google.pt (pois se é suposto ser português) a palavra, sem o "define", a ver o que dá. Alguns resultados (569 no total, não é uma palavra lá muito famosa) dão a entender que talvez seja derivada do espanhol. O espanhol não é propriamente a minha especialidade. Ultimamente (que isto não era sucesso suficiente) uso as language tools do google.com para traduzir "pletóricamente" do espanhol para inglês. Resultado: "fullly". Agora estou satisfeita (ainda que me pareça estranho que fully tenha 3 "l"s, e ao pesquisar no google com "define: fullly" o próprio google não só não encontre nada como ainda sugira "fully" com dois "l"s). A minha vida pode prosseguir.
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segunda-feira, abril 02, 2007

Sitemeter e spyware

Por causa do spyware, terminei uma relação de dois anos e dois meses com o sitemeter. Contadores há muitos. Tracking cookies e spyware também. Mas enquanto puder fazer alguma coisa para os evitar, evitá-los-ei. Obrigada pela dica ao Rui e ao António.
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Cidade Invicta

É estranho, voltar ao sítio onde vivi durante tantos anos, onde tive diversas moradas, e ter que escolher onde ficar. E aí apercebo-me de que nunca se conhece a cidade onde se vive de uma maneira suficientemente útil para quem vem de fora. Onde ficar? Nunca tive que passar a noite num dos hotéis da cidade onde vivi, pelo que me vejo reduzida à condição de turista num sítio que durante tantos anos foi a minha casa. Conduzir começa a tornar-se um desafio: há imensas estradas novas e muitas ruas mudaram de sentido, já não faço ideia quanto tempo se demora de uma ponta à outra da cidade - mas ainda me lembro de estar parada em filas de trânsito que simplesmente não andam, e levar horas a fazer um ou dois quilómetros - um desespero.
Não faço ideia como é que funcionam os autocarros - dizem que mudaram as linhas, mas ainda não comprovei - mas devem continuar tão atrasados como sempre. Ainda me lembro de estar enfiada num, atrasada para um teste, e ir a correr para a faculdade com esperança de ainda ter tempo para responder a tudo do início ao fim (tive sorte em o trânsito não ter prejudicado as minhas hipóteses e apesar de ter chegado quase meia hora atrasada saí-me com uma bela nota).
Nunca andei de metro - modernices que não havia ainda há pouco tempo. Acredito que seja melhor e mais fiável que qualquer autocarro, mas para poder andar de metro vou ter que conhecer as linhas com antecedência. Ainda bem que vivemos na era da internet.
Tenho que mostrar a cidade aos meus companheiros de viagem, pelo que a escolha para pernoitar vai recair sobre um hotel do centro. É uma boa escolha para durante o dia, perto da agitação, do pulsar da cidade, das lojas tradicionais (tão tradicionais que durante os anos em que aquela foi realmente a minha cidade raramente lá fui), dos monumentos que realmente vale a pena ver. O problema é que não faço ideia do que ali se passa à noite. Lembro-me de ter andado por aquela zona à noite algumas vezes desde que foi renovada, sempre de carro, e me parecer sempre uma zona morta - limpa e arranjada, fresca e iluminada, mas completamente estéril, sem alma e sem gente. Felizmente o centro é relativamente perto da zona que vibra durante a noite, pelo que as oportunidades de ir curtir e sermos assaltados durante a noite serão suficientemente altas. Não quero que falte nada aos meus companheiros de viagem. Ribeira here we go.
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Logo agora é que isto tinha que acontecer

Mas que é que será que andei a fazer durante a noite para acordar com o indicador esquerdo a doer-me? Assim de repente, poderia dizer que andei a jogar basquet e apanhei mal a bola com a mão esquerda por forma a apenas usar o indicador e torcê-lo, ou coisa semelhanante. Mas isso não foi, sei muito bem que esta noite estive sossegadinha a dormir, embora tenha ido para a cama tarde. A chatice é que isto dói mesmo, e logo agora é que isto tinha que acontecer, logo na semana em que eu ia praticar teclar com os 10 dedos nas posições certas para poder superar a minha anterior marca pessoal de 17249 palavras por minuto, escritas a, vá lá, 6 dedos, o chamado sistema águia com uma perna - neste caso duas águias com uma perna cada. Se com 6 dedos já era tão rápida, com 10 dedos devia ser ainda mais rápida, desde que todos eles saibam o que andam a fazer, o que ainda não é o caso. E o mais perturbador é que em português existem demasiados assentos que estragam o método todo. Este post, escrito a 9 dedos  mais um coxo, demorou pelo menos o dobro do tempo normal. Assim que o indicador esquerdo recuperar, vou ser mais rápida que o pensamento.
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